sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nossa luta cresce em todo o Brasil!


Mais um encontro de área tirou que sua federação iria construir o SENUP!
No 54º Congresso Nacional dos Estudantes de Agronomia do Brasil - CONEA, que aconteceu agora em Belém/PA, foi aprovado na plenária final que a Federação de Estudantes de Agronomia do Brasil vai se somar na construção do Seminário Nacional de Universidade Popular!



Lutando! Criando! O Poder Popular!





Caso queiram ver a carta:

A FEDERAÇÃO DOS ESTUDANTES DE AGRONOMIA DO BRASIL - FEAB constrói o 1° Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP)

Os estudantes de agronomia reunidos em Belém-PA, nos dias 21 a 29 de julho, resolvem a partir de sua plenária final, instância máxima de deliberação da Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil, construir o 1° Seminário Nacional de Universidade Popular (SENUP), que ocorrerá nos dias, 2, 3 e 4 de Setembro na cidade de Porto Alegre – RS.
Compreendemos ser fundamental debater os rumos da universidade brasileira hoje. O avanço da mercantilização da educação expõe um projeto dominante no país: a ânsia pelo lucro ganha força em detrimento dos direitos fundamentais do povo brasileiro, conquistados com a luta de tantas gerações. A necessidade de privatização, decorrente da precarização destes serviços essenciais, não se dá por acaso, ou por simples “incapacidade” do Estado Brasileiro em gerenciá-los, mas por um direcionamento político muito claro, vindo de fora para dentro. O eixo estruturante da transformação da educação em mais uma mercadoria, apta a ser comprada e vendida, tem como cerne a necessidade de maximizar os lucros, decorrente da ampla crise societária que em vivemos, que ora se manifesta principalmente na economia mundial.
Esse direcionamento tem manifestações muito claras: reestruturação político-pedagógica dos currículos dos cursos de graduação, subordinando as iniciativas da universidade às necessidades do mercado, em detrimento das demandas sociais, além da fragmentação do conhecimento; entrega da estrutura física e de recursos humanos públicos para a produção de ciência e tecnologia de acordo com as necessidades da iniciativa privada, o que compromete a autonomia didático-científica das universidades; uso do dinheiro público para salvar empreendimentos universitário privados; diminuição dos recursos públicos relativos a quantidade de vagas abertas nas universidades públicas, que aumenta a precarização e intensificação do trabalho, diminui a qualidade de ensino, inviabiliza a manutenção do tripé ensino-pesquisa-extensão voltado aos interesses populares e incentiva as instituições a buscar outras fontes de financiamento paralelas ao Estado; parcos mecanismos democráticos que permitam à comunidade universitária interferir nos rumos tomados pelas instituições; etc.  
            A formalização deste conjunto de medidas tem aparecido em decretos, medidas provisórias, leis, todos aprovados paulatinamente, de modo a ofuscar o projeto estruturante.
            Mas o projeto hegemônico atual – o qual não concordamos – um projeto global, compreendemos a necessidade de contrapor a seu avanço um projeto igualmente global, mas identificado com as necessidades das amplas maiorias. Temos claro que a universidade brasileira está em disputa, e essa disputa passa pela elaboração de uma estratégia. Não podemos mais ficar somente na defensiva. Embora toda resistência seja funcamental, ela permanece sempre presa àquilo que é negado. É fundamental reestabelecer uma ofensiva no movimento estudantil. Identificamos debilidades na ausência de formulação estratégica por parte de nosso campo de forças, o que faz com que muitas vezes sejamos absorvidos por disputas pequenas e que nem sempre acumulam para um horizonte de transformação. Consideramos fundamental a construção deste Seminário, para que aponte princípios gerais de outro projeto de Universidade, a partir do qual possamos empreender lutas reais dentro dos diversos campos específicos que são abertos por entre as contradições da ordem existente. Em outras palavras, para reorganizar um movimento de luta, de massas, de caráter nacional, como outrora foi o movimento estudantil, necessitamos a elaboração de um programa mínimo e de elementos de programa máximo, que nos permita disputar a hegemonia da universidade brasileira.
            Para a reorganização de baixo para cima do movimento estudantil, desde a base, é preciso fazer com que toda e qualquer luta legítima (contra a privatização, a precarização, pela democratização, pela autonomia das instituições educacionais e das entidades estudantis, manutenção e ampliação dos direitos estudantis, etc) acumule para a estratégia global de Universidade. Mesmo sendo um primeiro passo, o 1° SENUP traz elementos de que isso é possível, já que é a isso que ele se propõe. Rumo ao 1° Seminário Nacional de Universidade Popular!

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Confirmada nossa etapa estadual! Mais informações a caminho!



Criar, criar Universidade Popular!
e-mail: seeuprj2011@gmail.com

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A Universidade Popular

Falar de Universidade Popular em uma época em que vigora o mais profundo individualismo é uma tarefa árdua. Talvez a dificuldade seja ainda maior pela falta de clareza do que foram até hoje as Universidades Populares que existiram e existem ao redor do mundo, em especial nos países socialistas. No entanto, se desejamos avançar na educação rumo a um conhecimento universal, e universalizante, é imprescindível discutir essa concepção de Universidade.

Para começar a entender o que são tais universidades devemos compreender o que elas não são: a Universidade Popular não se limita ao ingresso do proletariado na Universidade. Do que adiantaria, em termos de mudança da forma de conhecimento produzida no ensino superior, apenas a entrada de membros do operariado na universidade se a estrutura de produção continua a mesma no mundo universitário, reproduzindo a estrutura burguesa?

Também não se trata de uma mudança na estrutura de poder, meramente, nas Universidades. Bem sabemos que mesmo com eleições diretas para reitor, a universidade continua a ter a mesma estrutura de ensino e produção das atuais universidades da burguesia.

Dito isso, podemos dizer com clareza: a Universidade Popular não se resume à extensão da democracia na universidade. Avança para além dessa pauta. Mas, se não é somente isso que defendemos, o que buscamos para o avanço na educação?

Exemplos e Histórico

Existiram alguns exemplos de Universidades Populares na história contemporânea, como é o caso das Universidades Populares Chinesas, da Universidade de Havana, as Universidades Populares da Venezuela, as Universidades Soviéticas, mas também a UPP (Universidade Popular de Portugal) entre outras.

Obviamente, o projeto que se leva a cabo em cada uma dessas universidades é singular, em sua profundidade e em suas propostas. Poderíamos aqui reivindicar a Universidade Popular da China, universidade esta que, na década de 70, atingiu o seu auge de interação com as comunas que a cercavam, integrando cultura local e avanço científico de acordo com as demandas destas comunas. Tudo que se produzia e se ensinava em tais universidades passava pelas demandas da comunidade na qual estava inserido, o que levou ao exemplo de, em uma mesma Universidade, haver aulas de física avançada, engenharia agrária e aulas de cultura de etnias quase extintas. Ora, até mesmo os alunos que seriam liberados de suas tarefas comunitárias para estudar em tais universidades eram selecionados pelas comunas, através de vastas discussões. Mas seria possível hoje um projeto tão avançado no Brasil?

A realidade é que o conceito de Universidade Popular só existe quando leva em conta a realidade na qual está inserido, pois, se há fuga dessa realidade, há fuga do que é a própria comunidade e, portanto, não é mais popular.

Peguemos o exemplo da UPP, Universidade Popular de Portugal, fundada em 1919. A UPP surge como um projeto de universidade para os operários. Regida inicialmente por 7 professores e 5 operários, a UPP será instrumento de formação crítica. Aulas de filosofia, de história, de política, seriam oferecidas de forma aberta à população. Ciclos de seminários tomariam o lugar da estrutura de cursos que as universidades até hoje tomam. A UPP utilizaria um complexo instrumento de biblioteca rotatória e de seminários realizados em locais de trabalho. O ensino popular, assim como as lutas populares portuguesas, avançou muito com a fundação da UPP. Até hoje o funcionamento de tal Universidade se assemelha a essa estrutura descrita. Sabemos bem que não é essa a realidade de Universidade que podemos desejar no Brasil hoje, dada a dimensão do país e o ponto de desenvolvimento no qual nos encontramos.

Talvez apenas o projeto cubano se aproxime da possibilidade brasileira, uma vez que a Universidade de Havana ainda mantém a estrutura de iniciativa individual dos pretensos alunos no que tange ao ingresso na Universidade, ao passo que toda sua produção de conhecimento, no entanto, é gerida pela comunidade cubana: são as demandas populares, e as necessidades científicas, que direcionam o funcionamento da universidade.

Universidade Popular: definição

Diferentemente do projeto capitalista de Universidade (amplamente defendido pelos setores do campo governista) o que se entende por Universidade Popular é um ensino superior que leva em conta as demandas populares da realidade onde está inserida. É esse o princípio central das UPs (Universidades Populares). Tal princípio levará a uma ampla compreensão da realidade que avançará rumo a uma construção única de conceito de conhecimento. Tal projeto de universidade passa pela compreensão de que todo conhecimento é um conhecimento coletivo, e, assim, é posse da sociedade. Daí decorre que então as pesquisas da Universidade não são posse de indivíduos, muito menos de empresas: são posses da população. Seria o povo então que apresentaria sua demanda de pesquisas, de aulas a serem ministradas, de produção universitária como um todo. Ora, se o conhecimento é social, por que a sociedade não deve regê-lo?

Outro ponto fundamental para entender as Universidades Populares é compreender que, se o conhecimento é social, ele não é instrumento de ascensão social. As UPs não devem existir para que o conhecimento possibilite a melhoria de vida de indivíduos que a cursam. Existem para que a condição de vida da sociedade na qual está inserida melhore como um todo através da indissociabilidade entre universidade e comunidade.

Nesse sentido, não são os anseios e desejos individuais que regem arbitrariamente a Universidade. Nem seria o mercado, em sua busca do aumento da taxa de lucro de uma classe restrita, a lógica de funcionamento do conhecimento que se visa universalizante.

São as necessidades concretas, e por vezes as subjetivas, das classes subalternas que são o centro do conhecimento. Podemos então dizer de forma rápida e clara o princípio central da Universidade Popular:
O conhecimento da humanidade deve ser um conhecimento universal e universalizante, construído socialmente e voltado para superação de problemas e conflitos que se colocam como empecilho para uma vida material, de um avanço cultural, de maior qualidade para as classes subalternas. É a inserção de seus membros no mundo do Trabalho, mas de forma crítica, e voltada ao Trabalho propriamente, e não ao capital.

Trabalhados os projetos de Universidade que entendemos que se opõe, é necessário verificar como este embate se dá no plano do funcionamento da universidade.

Proposta para Universidade Popular

Hoje o projeto de universidade que se apresenta como demanda da esquerda é o de Universidade Popular, e sua construção depende de uma clara consciência de como aplicar esse projeto na realidade concreta.

Tratemos ponto a ponto:

1 - Ensino: Como já levantado, o ensino na universidade hoje vem perdendo seu caráter metodológico, em menor ou maior grau. Não mais serve a formação de pessoas críticas capazes de realizar por conta própria o estudo e análise da realidade. Não mais se formam cientistas. Para a construção da Universidade Popular devemos ter em mente o ensino metodológico. Apenas um ensino de tal modo pode ao mesmo tempo preparar aqueles que o cursam para o mundo do trabalho ao passo que permita uma formação crítica. Sem tal curso metodológico, fica impossível uma inserção crítica no mundo do trabalho e até mesmo impossibilita que os indivíduos formados possam suprir as demandas sociais, uma vez que estas mudam conforme mudem os problemas centrais da comunidade. Para isso é imprescindível que a formação de professores e cientistas seja indissociável. 

2 - Pesquisa: A pesquisa na universidade não pode ser pautada, como hoje cada vez mais se torna pela taxa de lucro de alguns indivíduos. A Pesquisa de Base é fundamental para que desenvolva a ciência no país. E mesmo a pesquisa aplicada deve tomar um caráter diferente do que toma hoje. A pesquisa aplicada não pode ser voltada para demandas do mercado, isto é, não deve ser para o que é mais lucrativo. A universidade deve ter como lógica de pesquisa o que se demonstra como demanda popular. São os problemas da população, sejam eles de ordem médica, cultural ou no âmbito do urbanismo, que devem ser solucionados. Deve-se também evitar o puro utilitarismo, isto é, o conhecimento produzido não deve ser pautado apenas pelas suas utilidades imediatas, mas pela demanda popular, e também acadêmica, que pode detectar a necessidade do estudo em determinada área. Nesse sentido, é fundamental que os alunos estejam engajados em tais produções, sempre cientes da produção científica e das demandas populares. Deve-se dizer que a produção de conhecimento é para a universidade popular uma função fundamental a ser garantida.

3 - Extensão: A extensão não é como é tratado hoje, um mero apêndice da universidade. A extensão é um ponto fundamental para o funcionamento de uma Universidade Popular. Não por levar à população o que é produzido na universidade, mas sim o inverso: é justamente na extensão onde, em uma realidade em que os trabalhadores não estão organizados politicamente, a comunidade universitária poderá absorver as demandas populares, para o redirecionamento da produção acadêmica, fechando o ciclo. Não trata a extensão da produção de livros didáticos, mas sim da verdadeira integração entre a construção destes junto a um diálogo com as escolas públicas. Não é apenas a oferta de atendimento médico e garantia do espaço de estudo para futuros médicos, no Hospital Universitário, mas a utilização destes hospitais para o mapeamento de doenças mais comuns e de centrar então na prevenção destas. É na extensão que poderemos avaliar, por exemplo, qual é o meio de produção de energia mais eficaz para a realidade brasileira, levando em conta a organização urbana brasileira, as aplicações de projetos de produção e aproveitamento de energia de cada bairro. Nesse sentido, fica dada a unidade entre ensino-pesquisa- extensão que pautamos: é o curso metodológico voltado para as demandas populares, seja no caráter do ensino, da pesquisa ou extensão. É o desenvolvimento do ser humano pleno científico e consciente, capaz de intervir no mundo do trabalho e na sociedade que este gera, levando em conta não o mercado, mas as necessidades concretas do estado e do país. É a unidade que se realiza no fechamento do ciclo de conhecimento como um conhecimento social.