Existiram alguns exemplos de Universidades Populares na história contemporânea, como é o caso das Universidades Populares Chinesas, da Universidade de Havana, as Universidades Populares da Venezuela, as Universidades Soviéticas, mas também a UPP (Universidade Popular de Portugal) entre outras.
Obviamente, o projeto que se leva a cabo em cada uma dessas universidades é singular, em sua profundidade e em suas propostas. Poderíamos aqui reivindicar a Universidade Popular da China, universidade esta que, na década de 70, atingiu o seu auge de interação com as comunas que a cercavam, integrando cultura local e avanço científico de acordo com as demandas destas comunas. Tudo que se produzia e se ensinava em tais universidades passava pelas demandas da comunidade na qual estava inserido, o que levou ao exemplo de, em uma mesma Universidade, haver aulas de física avançada, engenharia agrária e aulas de cultura de etnias quase extintas. Ora, até mesmo os alunos que seriam liberados de suas tarefas comunitárias para estudar em tais universidades eram selecionados pelas comunas, através de vastas discussões. Mas seria possível hoje um projeto tão avançado no Brasil?
A realidade é que o conceito de Universidade Popular só existe quando leva em conta a realidade na qual está inserido, pois, se há fuga dessa realidade, há fuga do que é a própria comunidade e, portanto, não é mais popular.
Peguemos o exemplo da UPP, Universidade Popular de Portugal, fundada em 1919. A UPP surge como um projeto de universidade para os operários. Regida inicialmente por 7 professores e 5 operários, a UPP será instrumento de formação crítica. Aulas de filosofia, de história, de política, seriam oferecidas de forma aberta à população. Ciclos de seminários tomariam o lugar da estrutura de cursos que as universidades até hoje tomam. A UPP utilizaria um complexo instrumento de biblioteca rotatória e de seminários realizados em locais de trabalho. O ensino popular, assim como as lutas populares portuguesas, avançou muito com a fundação da UPP. Até hoje o funcionamento de tal Universidade se assemelha a essa estrutura descrita. Sabemos bem que não é essa a realidade de Universidade que podemos desejar no Brasil hoje, dada a dimensão do país e o ponto de desenvolvimento no qual nos encontramos.
Talvez apenas o projeto cubano se aproxime da possibilidade brasileira, uma vez que a Universidade de Havana ainda mantém a estrutura de iniciativa individual dos pretensos alunos no que tange ao ingresso na Universidade, ao passo que toda sua produção de conhecimento, no entanto, é gerida pela comunidade cubana: são as demandas populares, e as necessidades científicas, que direcionam o funcionamento da universidade.
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